sábado, 17 de julho de 2010

Trem da vida

Antes de embarcar vamos falar de sentimento, que vem do verbo sentir, perceber por meio de qualquer um dos sentidos, experimentar uma sensação física, perceber algo que se passa em seu próprio corpo, ser sensível, em outras palavras seguir o coração, eliminar a sensação de agonia que invade o peito e toma conta da alma. Quando sofremos, podemos escolher onde estará o ponto de quebra desse sentimento ruim. Até onde eu deixo ir uma determinada situação que não está sendo boa para mim.

Vamos falar de julgamento, decidir, fulminar por palpites, apreciar, avaliar, formar juízo a respeito de algo ou de alguém, formar juízo crítico, formar conceito sobre alguém ou alguma coisa, imaginar, supor. Como é fácil apontar o dedo para frente e esquecer que três estão apontados para si próprio. Como é fácil chegar num determinado lugar e elaborar um relatório geral do ambiente e no entanto como é difícil chegar em casa no silêncio do quarto e se autoanalisar.

Vamos falar do tempo, esse carrasco que pode terminar com nossa vida em segundos. Einstein já dizia através da Teoria da Relatividade que o tempo é relativo, experimente colocar o dedo no fogo e verás que um minuto é uma eternidade e ao falar com seu amor no telefone esse mesmo minuto passa voando. O tempo que passa independente de nossa vontade. O tempo que cura e que pode arrancar pessoas de nós. Ele passa, não adianta. Passa e muito rápido. Será que vale a pena desperdicá-lo? Será que ao fazer isso não estamos desperdiçando vida? Gastando inutilmente o nosso tempo com algo que não tem valor algum?

Quando menos esperamos o tempo acaba. É hora de partir. Podemos aproveitar cada minuto, descobrindo novos caminhos, buscando equilíbrio dos sentimentos e aproveitar esse tempo de modo que a vida seja preenchida com vida. Todos temos passado e todos vivemos o presente. Porém nem todos terão futuro. E isso deve sim ser levado em consideração. Posso morrer nesse instante ao terminar de postar esse texto. Não sei quanto tenho de tempo.

Vamos falar de amor. Como é bom sentir o amor transbordando pelos poros e poder viver isso sem a preocupação do julgamento alheio, mas observando o sentimento de felicidade que toma conta de todas as nossas células e move a vida para frente. Com paisagens coloridas, com risadas, sem feridas, mas sentindo paixão pela vida.

Vamos falar de vida. Essa maravilhosa e complexa viagem, onde embarcamos em meio a alegrias e tristezas e aos poucos vamos descobrindo maneiras de aproveitar melhor o percurso. Se estivéssemos num trem, poderíamos fazer uma analogia com o comportamento humano, onde algumas pessoas aproveitam cada minuto, observando a paisagem e experimentando novas sensações no decorrer da viagem. Se uma poltrona não está boa, experimenta-se outra, se estivermos na área de fumantes, levantamos simplesmente e trocamos de cabine, se sobrou uma vaga na janela bem na hora da paisagem mais bela, corremos para conseguir o melhor lugar e por ali sentar.

Algumas pessoas não conseguem fazer isso, pois ficam paralisadas no meio onde estão inseridas mesmo sem gostar. Elas não quebram paradigmas, elas não buscam sentimentos de alegria, de felicidade, de paz. Elas vivem presas na mesma cabine de sempre, numa ala de fumantes mesmo detestando o cheiro de cigarro, se contentam com a pior poltrona do trem por medo de mudar de lugar. Afinal, o que os outros vão pensar?

E assim chegam ao final do percurso e ao olhar para trás e ver que a vida passou e que a viagem foi uma verdadeira mesmice o tempo todo, mal conseguem perceber a alegria de alguns que adoraram tudo que viram, tudo que presenciaram, tudo que experimentaram durante a viagem. O percurso e o tempo pode ser o mesmo para todos nós, o que muda é o sentimento, o julgamento, o amor e como escolhemos viver a nossa vida no decorrer da viagem. É poder chegar ao fim da linha satisfeito pela vida bem vivida e poder sorrir sabendo que tudo valeu a pena.
Cafonérrimo esse texto, mas verdadeiro. Garçom, aumenta o som do Reginaldo Rossi por favor?!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Síndrome de Peter Pan

Pessoas bobas como eu não poderiam ter filhos. Pode ser perigoso para a educação da criança. Além de insuportável para quem convive diariamente com isso. Tenho pena dos meus colegas de trabalho e da minha família. Vou explicar por que: Eu tenho síndrome de Peter Pan. Eu não quero crescer. Prefiro ficar no meio de um monte de crianças do que num lugar conversando com adultos sobre a crise na bolsa de valores e as flutuações do dólar.

Tem dias que eu olho para o lado e fico procurando um adulto para me salvar. Então em alguns segundos cai a ficha e percebo que a adulta sou eu e tenho que demonstrar coragem diante do meu filho. Mas confesso, que adoraria sair gritando e pedindo socorro para minha mãe quando ele se arrebenta e vem com um corte sangrando para o meu lado.

Quando vejo um grupinho de crianças sinto como se um imã me puxasse ao encontro delas, gosto de entrevistá-las enquanto bolamos esculturas excêntricas de massinha de modelar e adoro as respostas.Quando chego à escola do meu filho adoro me sentir um pote de milho na volta das galinhas, que no caso são pintinhos. Adoro aquele monte de crianças na minha volta querendo beijar a mãe do Gui. Se estou dirigindo e vejo uma criança olhando pelo vidro traseiro no carro da frente não resisto, começo a abanar, sorrir e se ela for legal brincamos de fazer caretas durante o trajeto.

O problema é que com isso a minha bobice é alimentada com doses diárias de bobagens. Percebi quando ofereci um chimarrão para meus colegas de sala (até parece que estou num presídio, mas daí seria cela, deixa pra lá) e complementei a frase dizendo:
- Quem quer um chimarrão põe o dedo aqui, senão vai fechar o abacaxi!

Putz! É de doer, eu sei. Mas quando vi já tinha feito. “Bobo é tu cara de tatu” é direto. “Chouriço pra comer na hora do serviço” também, mas só quando quero me livrar da pergunta “Mãe, o que é isso?” e eu não sei a resposta. O “enganei o bobo na casca do ovo” eu ainda não usei, mas é só uma questão de tempo.

E quando dirijo numa estrada extremamente movimentada com meu filho dentro do carro sendo a adulta e responsável que não sou, não preciso dizer que quando chego ao destino meus músculos estão tão tensos que para quem olha imagina logo de cara que estou imitando um pingüim caminhando.

É diferente ser responsável por outras pessoas. É diferente assumir riscos e ter que monitorar cada segundo de uma ultrapassagem para que ninguém que amamos corra riscos por nossa culpa. É diferente ter que assumir um papel onde tudo fica nas nossas costas e qualquer deslize pode ser fatal.

Não importa a idade que temos, há sempre um momento em que sentimos vontade de chamar um adulto para que nos diga o que fazer ou nos mostre como agir, como se assumíssemos a total falta de maturidade em enfrentar algo que nos meta medo e que no fundo sabemos que temos que enfrentar sem que ninguém perceba nosso pânico.

Tudo começa lá, na adolescência quando estamos ensaiando para entrar na vida adulta e conquistamos a tão sonhada chave de casa, depois do carro e depois do apartamento em outra cidade quando decidimos estudar longe. Começamos a pisar em terreno desconhecido brincando de ser adulto sem ser e quando menos percebemos os adultos que estão assumindo o posto de adultos são ninguém menos que nós mesmos. Isso assusta.

Lá pelas tantas, gostamos de saber que as pessoas confiam em nossa aparente maturidade e que conduzimos as coisas com perfeição. Tudo acaba bem por que fazemos com que elas acabem bem. Acabamos sentindo um alívio por termos vencido o medo. No fundo, bem no fundinho, esse misto de prazer e insegurança nos transporta para um lugar estranho onde só nós sabemos que nossas certezas não são assim tão sólidas como nossos filhos acham que são e que não somos tão incapazes como achávamos que seríamos.

Mas vamos parar por aqui, porque acho que não quero que meu filho saiba que morro de medo de ser adulta às vezes e quase sempre preciso de um adulto por perto para me salvar das enrascadas. Coisa de adulta criança, sabe como é. Coisa de quem sofre de Síndrome de Peter Pan definitivamente.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Momento Amy Wynehouse

Renata, Boa Tarde! Ai vai uma idéia para um assunto no mínimo curioso chamado "Fã" afinal você também já possui os seus... Até porque me enquadro assim, sou sua assídua leitora, não perco nenhuma de suas postagens... Divirto-me horrores lendo tudo que escreve. Então... fala ai pra gente! Bjs
Roberta Almeida



Oi Roberta, sabe que eu adoro esse teu nome? É o nome da minha irmã e convivo até hoje com pessoas que insistem em me chamar assim. Eu até atendo por Roberta de tão acostumada que estou. Acho que é a maldição de todas as irmãs Roberta e Renata que conheço na vida. Ainda bem que não é Pafúncia o nome da minha mana. Obrigada pela dica de texto. Isso é sempre recebido com muito carinho por mim.

Falar de fã? Hummmm... Me vem a cabeça pessoas que admiram algo em alguém e isso pode ser expressado em diferentes níveis. Existe aquele fã discreto que admira a distância e acompanha todos os passos do objeto da sua admiração. Existe também os fãs que se vestem como o seu “ídolo” e procuram fazer as mesmas coisas que ele faz. Tem os fãs psicopatas do estilo do “bem certinho da cabeça” que matou John Lenon. Os fãs que choram, se escabelam e tem verdadeiros orgasmos múltiplos ao tocar na mão do ídolo. Tem aquele fã simpático que faz uma carinha de feliz quando te enxerga e vem correndo em tua direção com um sorrisão no rosto te abraçar e expressar o quanto te admira. Tem aquele que pede para tirar foto e depois coloca no orkut bem orgulhoso.

Seja qual for o tipo de fanatismo, o que importa é saber receber esse carinho das pessoas sem esquecer que ser objeto de admiração significa também ser alvo de observação e portanto devemos prestar atenção em nossos atos. Vocês já viram que sempre tem um paparazzi para fotografar aquela atriz famosérrima bem na hora que ela saiu horrenda na rua para comprar um absorvente na esquina?

E a famosa Amy Winehouse que quanto mais apronta mais fãs consegue? Ela não está nem aí pra nada e se você digitar o nome dela no google vai se deliciar com cenas toscas da cara da vivente. Mas ela é admirada independente disso pelo vozeirão que tem e tal.

Acho que deve haver um equilíbrio entre fãs e ídolos. Nenhuma das partes pode pirar o cabeção. Ambos devem saber que todos são seres humanos que fazem cocô e aniversário. Não há nada de sobrenatural em ninguém. É claro que o grau de loucura do fanatismo tem muito a ver com a dificuldade de encostar no ídolo. Quanto mais difícil for, maior é o escândalo na hora orgásmica da aparição. Acho que se o George Clooney aparecer na minha frente eu tenho um piripaque, começo a chorar, gritar, me escabelar e implorar que ele case comigo hoje. Tá bem vai, confesso que prefiro o Enrique. Mas se ver por exemplo o Alcy Cheuiche que é um escritor Caçapavano que sou fã e vejo toda hora não sinto a menor vontade de fazer isso. Nem dou bola quando o vejo comprando pão na mesma padaria que eu. Eu hein?

Não sei não, só sei que eu sou muuuuuuiiito fã de todos vocês que se escondem aqui comigo e por mais que vocês aprontem como a Amy eu vou amar vocês igual. Finalizo com um exemplo do que pode acontecer com os fãs que arranjamos por aí. Abaixo uma foto de uma festa a fantasia onde acompanhei os alunos da universidade em que trabalho num congresso no Rio de Janeiro. O tempo passou e uma das alunas me mostrou o orkut do vivente com uma foto minha com uma frase escrota na legenda.

É... Pois é...

quarta-feira, 7 de julho de 2010


Eu tenho medo da bruxa do 71

Sim, ela existe. Tem cara de bruxa, jeito de bruxa e mau-humor de bruxa. Ela é vampira. Ela suga a energia de todos a sua volta e contamina o ambiente. Ela te olha com cara de nojo e tem cara de quem não suporta ver o próprio reflexo no espelho, aliás, com razão.

Ela manipula quem ama e isola do resto da população com medo que alguém consiga estragar seu campo de manipulação. Ela é negativa. Ela é cinza, sem cor, sem entusiasmo, sem amor no coração. Ela pensa que tem amor pelas pessoas, mas ela não tem amor nem por si mesma.

Ela pensa que alguém se importa com o que ela pensa, quando na verdade todos se apavoram com seu pessimismo e amargura. Como boa vampira que é, ela repele as pessoas com energia boa porque não suporta ver os outros brilharem.

Tudo é feio, tudo é pequeno, tudo é infinitamente hostil ao seu redor. Se fosse desenho animado sairiam aquelas cobrinhas e caverinhas de sua boca na historinha toda. Ela pra sempre será lembrada como aquela pessoa negativa e infeliz que só o que soube fazer na vida foi plantar sementes podres e deixar na lembrança dos outros sua cara de bruxa malvada que saiu direto das histórias da Branca de Neve para entregar maçãs envenenadas por aí. Diga-se de passagem, com o veneno do próprio dente.

Você conhece gente assim? Eu conheço uma. Uma pessoa que é exatamente assim e o que mais me chama atenção é ver que ela não tem remédio. Está no DNA. Faz parte da sua natureza e o que podemos fazer é simplesmente nos afastarmos com olhar cheio de pena por saber que ela não tem o prazer de dar uma boa gargalhada da vida e por não lembrar de quando foi a última vez que conseguiu dormir sorrindo com paz e amor no coração, além de sair cantando rua afora algo mais ou menos assim: “E-e... Ela não é de nada... Oiá... Essa cara amarrada é só um jeito de viver na pioooooooor... E-e... Ela não é de nada oiá... Essa cara amarrada é só, um jeito de viver nesse mundo de mágoas”