segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nossos filhos

Uma explosão de amor. Assim começa a vida de um filho quando se apresenta em nossa existência. Aliás, passamos a existir de verdade através de um filho. Antes de ser mãe não tinha a menor noção do que é amor incondicional de verdade e pra quem não tem filhos, não me venha com a ladainha de que isso é uma grande baboseira por que não é. Já fui uma mulher sem filhos eu sei como é. Sei que gosto tem a liberdade, as facilidades que a falta de compromisso com alguém pode proporcionar. Sei também como é a sensação de solidão. De tédio num domingo de chuva. De sensação de simplesmente ver o tempo passar e se ver sozinho num futuro distante.

Hoje sou uma mulher que sabe o que significa ter o coração fora do corpo, de ter motivação para impulsionar a vida, de ter dias vibrantes e diferentes recheados de novidades, de vibrar com cada conquista daquela miniatura de ser humano que um dia saiu de dentro de mim. Aliás, o fato de ter saído de dentro de mim é algo que me faz pensar quando olho para aquele garotão que já está quase na altura dos meus ombros dizendo que vai à casa de um amigo. É como se um filme passasse na minha cabeça onde lembro como tudo começou. A adoração pela barriga, o parto, o momento mágico de amamentar. O orgulho de passear com aquele bebezão pelas calçadas, chegar em casa depois de um dia de trabalho e deparar-me com um sorrisão banguela e um adorável “mamã” vindo em minha direção. Aquela mãozinha gordinha apertando meu pescoço num abraço sincero. Aquele pezinho parecendo um pãozinho cru pronto para ser mordido.

Ter um filho é algo que não se explica. É algo para sentir. Quem não tem não entende e nunca entenderá enquanto não souber de fato o que é ter um. Dizem por aí que amamos somente nossos filhos, mas não é verdade. Quando sabemos o que é ter um filho compreendemos melhor as outras pessoas. Temos mais empatia, solidariedade, compaixão. Tornamos-nos pessoas melhores a cada dia. Entendemos quando assistimos no supermercado um ataque de birra e sabemos identificar quando é sono, fome ou falta de educação.

Quem não tem filhos talvez não entenda que o comportamento de uma criança é algo que inicia num terreno vazio que a cada dia vai formando um alicerce da sua personalidade sem limites, que a cada dia vai construindo o que será a sua formação. Todos são mal-educados até o momento que recebem a orientação, todos são ignorantes até o momento que recebem a informação. É preciso paciência e dedicação para educar uma criança para que não se transforme num adulto sem base de educação. Isso leva tempo, muito tempo. E talvez não seja suportável para quem não entende que enquanto esse período existir, também podemos usufruir de todo o lado bom que um filho proporciona.

Nossa existência está registrada, podemos nos considerar eternos através dos descendentes que deixamos. Nossos traços estão marcados para sempre através da genética e da linha que segue nossos rastros. Essa é a obra mais linda e mais significante na vida de uma pessoa. Mas só quem tem filhos para entender o que estou dizendo. É algo para entender com a alma, vai muito além da compreensão.