quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Saudade nenhuma de mim

Fico impressionada como mudo de opinião a cada ano que recomeça.  Às vezes fico pensando na quantidade de burradas que fiz na vida desde que nasci até os dias atuais. Minha adolescência foi o ápice de atos inconsequentes e absurdos que com certeza jamais faria de novo. Não tinha noção nenhuma de vida, dos riscos que estava correndo andando sozinha por aí numa cidade grande às onze da noite quando saía do cursinho pré-vestibular para ir para a casa por exemplo.  Pergunto-me, quem era aquela menina que habitava dentro de mim? Acho que se dissolveu ou morreu sufocada em meus novos projetos de vida.

A Renata que olhou pra mim no espelho hoje de manhã está muito diferente. Muito mais tranquila. Muito mais ouvinte, menos falante. Muito mais desapegada à coisas que antes tinham um enorme valor. Sinto-me mais leve. Pasmem! O Budismo está me encantando a cada dia. Sinto-me renovada a cada ida para a fazenda quando consigo captar a energia da terra ao cuidar do meu jardim ou quando alimento os animais e tudo que se passa em minha mente é no quanto o pêlo do cavalo está bonito ou se ele ficaria bem na foto quando o sol está se pondo ao seu lado. Minha mente fica limpa e meu coração quieto.
Não preciso participar de nenhum grupo que só o que sabe fazer é cuidar da vida dos outros e gerar energia negativa ao seu redor. Sinto uma espécie de alívio por não precisar mais conviver com certas pessoas que faziam parte do meu cotidiano e que hoje estão lá num cantinho escuro e empoeirado do passado.   Não tenho mais paciência para fazer social com quem não estou afim. Não estou aqui para fazer gracinha pra ninguém e não sirvo para ocupar meu tempo com o que não alimenta minha alma de energia boa. Já faz tempo que eu só faço o que tenho vontade e convivo com quem me faz bem. Adoro rever amigos queridos que há muito tempo não via e lá pelas tantas resolvem me mandar um e-mail. Quem deixou marcas positivas em nossa vida será guardado pra sempre no coração e por mais que o tempo passe, será como se tivéssemos nos visto ontem. O carinho, a amizade e as boas lembranças não se dissolvem com o tempo. Pelo contrário, se fortalecem. 
Sinto que meu tempo está sendo melhor utilizado fazendo o que me dá prazer e aos poucos vou preenchendo a vida com diversão, harmonia, paz, tranquilidade e amor, afastando de mim tudo que não me acrescenta em nada, que suga a minha energia ou me faz mal. Não preciso remoer antigas mágoas, não preciso me culpar pelos erros que cometi. A vida é assim e só vamos descobrir as coisas se nos colocarmos à disposição de errar e acertar ao invés de morrer com a dúvida do “e se” que sempre insiste em rondar nossas vidas.
E se eu tivesse feito tudo diferente? Não saberia como seria a Renata de agora que aprendeu a ser forte e andar com as próprias pernas ao invés de se acomodar. Mudei, mudo e mudarei sempre. Eu sou assim. Permito-me descobrir o novo, me abrir para o desconhecido e buscar infinitamente e incansavelmente me sentir feliz.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Falta do que fazer

Dona Calastaboca, mais conhecida como Cacá, é típica moradora de uma cidadezinha de interior onde pessoas frustradas e infelizes que só fazem cocô e aniversário durante o ano se ocupam de falar da vida alheia e o auge de uma conversa que julga ser inteligente e animada é se fulana engordou uns quilinhos a mais ou se está namorando esse ou aquele lá. Sempre é claro sob um ângulo negativo e maldoso onde seu ponto de vista se detém a observar a vida dos outros enquanto esquece de olhar a sua que é um verdadeiro desastre num gráfico descendente.


 Senhora de meia idade, mãe de dois filhos problemáticos que ela julga ser motivo de orgulho, sobrevive à custa de um marido tosco da qual não pode se separar senão morre de fome. Ocupa seus dias falando dos outros e comendo sem parar. Como consequência está engordando e por isso a preocupação com a aparência alheia. Para aliviar de alguma forma sua rejeição com o próprio corpo e sua infelicidade que transborda pelos poros ela fala. Mas fala. Fala sem parar e por mais que o tempo passe e mil coisas aconteçam, Cacá está lá naquela vidinha medíocre sempre fazendo fofoquinhas, intriguinhas, comentários maldosos tão vazios quanto sua vida.  


Cacá é daquelas que, com o tempo poderá comprar um aparelho de surdez, dos melhores e mais avançados, mesmo tendo sua audição em perfeita e saudável condição, só para ouvir as conversas das comadres que passam pelas calçadas de sua rua. Não duvido disso.  


Nos dias de festa, que ocorrem algumas vezes na “alta sociedade” da cidade de Sucupira City, antes mesmo dos primeiros cidadãos chegarem em suas mesas, Cacá e sua língua afiada avaliam se os vestidos estão repetidos ou de acordo com as últimas tendências da revista Moda Moldes que sua mãe assina. Mesmo devendo para a farmácia ela investe em vestido e sapato novo para não fazer feio para os "outros" que nem lembram que ela existe. Coitada! É uma das poucas diversões na vida agitadíssima de Cacá trancada em casa.


Pra completar, nunca falta uma amiga carente de um par de ouvidos, independente se haverá um repasse deturpado ou exagerado de informações para alimentar uma pessoa dessas e torná-la uma máquina de fazer fofoca “ad eternum”.


 Vida vazia. Falta do que fazer. Infelicidade saindo pelos poros. Ocupar-se da vida alheia já que a sua é uma grande “bosta”, com o perdão da palavra. São pessoas maldosas. Elas criam em suas mentes versões negativas de tudo de bom que acontece na vida dos outros. A lipoaspiração da fulana foi em troca de alguma coisa. A beltrana se separou e agora tá namorando um velho fazendeiro e vai tirar todo o dinheiro dele. Detalhe, nem de longe a criatura é velha e não tem nada de jogos de interesses no meio de uma relação que é muito bacana. Mas a maldade que sai de sua boca é forte, como um veneno escorrendo enquanto fala.


Mas "sabecumé", gente falsa e fofoqueira é como sapo, tem língua comprida, olho grande e vive na lama. Melhor até é deixar pra lá. Uma hora vem uma cobra, come essa sapa e resolve o problema. Se é que vocês me entendem.