Fico impressionada como mudo de opinião
a cada ano que recomeça. Às vezes fico
pensando na quantidade de burradas que fiz na vida desde que nasci até os dias
atuais. Minha adolescência foi o ápice de atos inconsequentes e absurdos que
com certeza jamais faria de novo. Não tinha noção nenhuma de vida, dos riscos
que estava correndo andando sozinha por aí numa cidade grande às onze da noite
quando saía do cursinho pré-vestibular para ir para a casa por exemplo. Pergunto-me, quem era aquela menina que
habitava dentro de mim? Acho que se dissolveu ou morreu sufocada em meus novos
projetos de vida.
A Renata que olhou pra mim no
espelho hoje de manhã está muito diferente. Muito mais tranquila. Muito mais
ouvinte, menos falante. Muito mais desapegada à coisas que antes tinham um
enorme valor. Sinto-me mais leve. Pasmem! O Budismo
está me encantando a cada dia. Sinto-me renovada a cada ida para a fazenda
quando consigo captar a energia da terra ao cuidar do meu jardim ou quando
alimento os animais e tudo que se passa em minha mente é no quanto o pêlo do
cavalo está bonito ou se ele ficaria bem na foto quando o sol está se pondo ao
seu lado. Minha mente fica limpa e meu coração quieto.
Não preciso participar de nenhum grupo
que só o que sabe fazer é cuidar da vida dos outros e gerar energia negativa ao
seu redor. Sinto uma espécie de alívio por não precisar mais conviver com
certas pessoas que faziam parte do meu cotidiano e que hoje estão lá num
cantinho escuro e empoeirado do passado. Não tenho mais paciência para fazer
social com quem não estou afim. Não estou aqui para fazer gracinha pra ninguém e não sirvo para ocupar meu tempo com o que não alimenta minha alma de energia boa. Já faz tempo que eu só faço o que tenho vontade
e convivo com quem me faz bem. Adoro rever amigos queridos que há muito tempo não via e lá pelas tantas resolvem me mandar um e-mail. Quem deixou marcas positivas em nossa vida será guardado pra sempre no coração e por mais que o tempo passe, será como se tivéssemos nos visto ontem. O carinho, a amizade e as boas lembranças não se dissolvem com o tempo. Pelo contrário, se fortalecem.
Sinto que meu tempo está sendo
melhor utilizado fazendo o que me dá prazer e aos poucos vou preenchendo a vida
com diversão, harmonia, paz, tranquilidade e amor, afastando de mim tudo que
não me acrescenta em nada, que suga a minha energia ou me faz mal. Não preciso
remoer antigas mágoas, não preciso me culpar pelos erros que cometi. A vida é
assim e só vamos descobrir as coisas se nos colocarmos à disposição de errar e
acertar ao invés de morrer com a dúvida do “e se” que sempre insiste em rondar
nossas vidas.
E se eu tivesse feito tudo
diferente? Não saberia como seria a Renata de agora que aprendeu a ser forte e
andar com as próprias pernas ao invés de se acomodar. Mudei, mudo e mudarei
sempre. Eu sou assim. Permito-me descobrir o novo, me abrir para o desconhecido
e buscar infinitamente e incansavelmente me sentir feliz.