segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pára-raio de malucos

Ao inventar o pára-raio, em 1753, Benjamin Franklin julgava-o capaz de descarregar nuvens de tempestade e proteger edifícios. Sabe-se hoje que essa invenção apenas intercepta os raios terrestres e dissipa sua corrente na terra. No meu caso, eu sou o pára-raio, só que de gente “sem noção” que sempre insiste em atravessar o meu caminho.

Gente doida, mentecaptos, idiotas, maníacos, gente extravagante, alienada, ignorantes completos que pensam que são os donos da verdade, e pior que não sabem nada e acham que sabem tudo. O que mais acontece é deparar-me com esse tipo de pessoa.

Tem os loucos queridos e engraçados, como um jardineiro que tinha num lugar que eu trabalhava que sentava em frente a minha mesa para me contar os “causos”. Num desses “causos” ele me disse que estava só esperando o “Benedito” do Juiz para resolver com quem as crianças iriam ficar. Ele piscava sem parar e mexia os dedos como se estivesse digitando em um teclado invisível e flutuante.

No sítio que meu pai tinha, havia um homem chamado Delfino, mas ele queria que o chamassem de Rubi, ué! A gente chegava com malas e mantimentos e no descarregar de tudo o Rubi ficava só encostado no carro prevenindo-nos que não chegássemos perto do açude porque ele tinha acabado de ver uma cobra cascuda com uma barba enoooorme se escondendo atrás da árvore. Jesus! Tinha medo até de pescar por causa da tal cobra. E se os peixes fossem voadores e vampiros? Caraca! Meu pai fez bem em vender o sítio!

Acho que o mais engraçado era uma guria que conheci quando estudava na Unisinos, até que bem legal, que cantava em voz alta no silêncio da Van da faculdade de olhos fechados, sem se preocupar se alguém estava cansado e queria dormir. É... A maconha era da boa pelo visto!

Tem os loucos de sem-vergonha, pessoas aproveitadoras, desonestas, de mau caráter, que não constroem nada para uma vida melhor e sim gostam de se aproveitar dos outros, como um pedreiro que deixei na minha casa nas minhas férias para concluir a obra do meu banheiro e ele aproveitou muito bem os 15 dias para não colocar nem um azulejo se quer, porque estava muito ocupado aproveitando a minha churrasqueira, o meu DVD e o meu chuveiro... porque pra isso ele teve tempo.

Tem os loucos perigosos como a empregada que mexia nas minhas coisas e se achava tão irresistível que comentou com outra empregada que um dia iria casar com meu marido e assumir a minha casa e o meu filho. A criatura não tinha nem dentes, falava os “poblema” e as “telha” de aranha e queria tomar o meu lugar pô!

Tive uma experiência nada agradável com um senhor de setenta e poucos anos, totalmente desdentado e muito fedorento, que se apaixonou por mim e tinha esperanças que um dia eu tivesse alguma coisa com ele. Me entregava flores e balas de erva-doce e ficava conversando sem parar tentando me fazer ciúmes com suas histórias. No início achei engraçado. Depois começou a ficar chato. Com o passar do tempo ficou insuportável, pois em todos os lugares que eu costumava ir, lá estava a criatura que surgia como um gnomo do nada.

Tem os que se fazem de loucos, tipo uma amiga que acha que eu tenho que resolver toda a vida dela e que a culpa por ela não alcançar alguns objetivos de vida é minha.
- Pô Renata! Tu nem pra ir lá ver isso pra mim! Por tua causa eu perdi o dia da inscrição!
E eu lá...Cuidando da minha vida sem nem sequer saber que tinha inscrição de alguma coisa.

Como é errando que se aprende, acredito que estou aprendendo a conhecer melhor cada ser humano que me rodeia. Chego a conclusão que existem pessoas que são pára-raio de malucos. Eu sou uma delas. Inclusive de mim mesma, pois vamos combinar que pra certa eu não sirvo.