domingo, 4 de abril de 2010

Domingo de Páscoa

- Oi pessoal, tudo bem? (Você chega querendo dar um “oi” geral para ver se escapa daquela beijação chata em 246 pessoas, mas percebe que é em vão)

- Oi guria, vem aqui dar um beijo no teu tio! (Aquele tio camarada que você não vê há mais de um ano, realmente merece um beijo vai!)

Só que o beijo no seu tio camarada acaba puxando o temido BSCOS (Beijo Seqüencial Chato Obrigatório por Segundo). Você começa beijando o tio e termina muito tempo depois lá na décima segunda namorada do mês que seu sobrinho resolveu apresentar. Nisso as pessoas começam a perguntar sobre seu filho e você constata que ele sumiu e já está gritando longe enturmado com os primos menores e com os filhos dos primos maiores. Uma verdadeira gritaria e poluição sonora num só ambiente.

Em toda família sempre tem aquele marido de tia que senta a bunda no sofá e não levanta para nada. Fica só observando tudo com atenção e tomando cerveja calado. Não quer perder nenhum detalhe para comentar em casa depois algo do tipo: "Como a cunhada engordou ou como os filhos de beltrano estão mal-educados".

Tem também aqueles que sorriem o tempo todo e não estão nem aí pra nada. Ficam hipnotizados com o que tiver passando na televisão e a gritaria do ambiente não o afeta em nada. Existe sempre aquele grupinho polêmico que lá pelas tantas resolve levantar uma questão promovendo um verdadeiro alvoroço na roda de conversa. Quem olha de fora pensa até que estão brigando.

E aqueles primos adolescentes, que não se encaixam nem no quesito criança, nem no quesito adulto e ficam completamente perdidos e num eterno dilema entre ceder à seus instintos e agarrar o playstation II do primo mais novo ou fazer cara de intelectual e participar da conversa chatíssima dos adultos?

Família é tudo igual. Só muda o endereço. Normalmente a vítima dona da casa que abraça um evento desses é a matriarca da família que aparece nessa história nitidamente estressada. Ela até tenta disfarçar, mas está sempre de butuca ligada para ver se não está faltando comida para ninguém. Aliás, vocês perceberam a necessidade que nossas avós têm de enfiar muita comida na gente como se estivéssemos desnutridos e aquele almoço fosse a última refeição de nossas vidas?
Muito bem, essa pequena introdução foi para chegar num ponto em destaque num domingo de páscoa em família. As crianças. Algumas delas resolvem levar a cestinha que o coelhinho deixou para mostrar para os priminhos e além disso os padrinhos costumam levar para o evento mais cestinhas repletas de chocolates. Então aquelas miniaturinhas de seres humanos resolvem se unir para comer chocolates antes mesmo do almoço e quando menos se espera a infecção intestinal está montada.

A festa em família termina no Pronto Socorro da cidade e após o susto começam as discussões sobre quem foi o irresponsável que deixou as crianças comerem tanto chocolate e não fez nada para impedir aquela “catástrofe gastrointestinal”.
Vai um chocolatinho aí ou tu também já encheste a pança de cacau e não aguenta mais nem ouvir falar disso?