segunda-feira, 14 de abril de 2014

Fanatismo

Todo fanatismo é burro. Uma ideia baseada em rejeição de qualquer outra ideia que não a da interpretação particular de quem o possui. E o mais estranho é que muitas vezes alguém considerado inteligente pode ficar sem raciocínio lógico algum quando resolve ser fanático. Prova disso é a reação de algumas pessoas diante da política, do futebol e da religião.

É um fervor excessivo, irracional e persistente. Para algumas pessoas, beira o delírio. Uma agressividade exagerada, totalmente desnecessária, um intenso individualismo onde a sua opinião está acima de qualquer coisa e suas ideias são carregadas de preconceitos. Um estreitamento mental impressionante que só demonstra o quanto um fanático pode ser fraco e dependente das suas crenças.

Ser apaixonado por uma ideologia, um time de futebol ou uma religião não significa aceitar o fanatismo. É preciso um equilíbrio de emoções e atitudes. Não podemos sair por aí agredindo as pessoas só porque elas pensam diferente de nós, embora podemos e devemos comemorar e extravasar na alegria quando algo que admiramos obtém um excelente resultado. Infelizmente não é o que se percebe nas redes sociais num final de campeonato por exemplo. As pessoas perdem a linha. São extremamente desagradáveis e infantis. Promovem comentários toscos sem estruturação do pensamento e sem uma conclusão coerente. Ofendem grandes amigos com comparações grosseiras que nada condizem com a realidade. E eu pergunto: Pra quê? De que adianta isso tudo? O que se consegue de positivo com isso?

Nos Estados Unidos, uma seita suicida simplesmente acreditou num maluco com um conceito de um avanço evolucionário e viagens para outros mundos e dimensões e pronto! Foi-se embora o raciocínio pela própria cabeça. Aliás, foi-se embora a cabeça. O treinamento de um terrorista, sobretudo dos homens-bomba é criteriosamente estruturado. A fé é a única convicção de todos eles. Não se trata de luta por território, por liberdade ou dignidade, trata-se apenas de obediência ao líder supremo: Alá. São como ovelhas, aonde um pastor vai gritando na frente e elas de cabeça baixa seguem em direção à mangueira sem sair do trilho das demais.  

É uma adoração cega por algo que acredita ser a tábua de salvação. Um pai que entrega o corpo do filho recém-nascido para uma seita, por acreditar na ideia de algum doente mental com excelente oratória, que o convenceu que assim ele conseguiria ser bem sucedido na vida. No fanatismo, até mesmo alguns ateus conseguem ser fanáticos. Querem combater qualquer ideia associada a uma crença em algo superior que possa transmitir paz a alguma pessoa na face da Terra. Ora, que diferença faz se uns acreditam em Buda, outros em Allan Kardec e outros em Jesus Cristo? Para eles tudo isso é ridículo e deve ser contestado em todas as oportunidades possíveis.

Fanático é chato. Desagradável. Geralmente está cercado por outros chatos fanáticos como ele.  Gente que segue o impulso de uma paixão sem ser coerente, ou seja, fazer o bem sem olhar a quem, desde que pense como eu dentro da minha crença religiosa. Ser educado e manter minha postura profissional, desde que seja do meu time ou do meu partido político.

Aliás, na política a situação é ainda pior, pois por uma sigla, fanáticos defendem uma corja de corruptos como se fossem seus próprios pais, brigam com amigos que questionam o comportamento de um bando de falcatruas e no final das contas o político pelo qual se brigou tanto está apertando a mão do adversário combinando um acerto posterior nojento de benefícios mútuos.

Afinal, o fanatismo serve pra quê? Algo que cega, que perde a linha, que promove discórdias e antipatias. Que não gera uma discussão lógica e coerente de pontos de vista distintos. Que não traz benefício algum.   Demonstrar sua paixão através de ofensas com alguém que pensa diferente é algo totalmente desnecessário e burro.

Profissionais, que deveriam ter certa postura, perdem completamente a linha por serem fanáticos. Amigos acabam discutindo e ofendendo-se gratuitamente sem a menor necessidade. Namoros são impedidos pela diferença de cultos. Fanatismo é nojento. É algo que só demonstra o quanto a pessoa é fraca e pequena pra quem olha de fora. O quanto o ser humano está longe da evolução e prefere viver dentro de um pequeno círculo de opinião para não precisar gastar energia com raciocínio. Digno de pena.