quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Empregadas Canalhas

Ola Renata, tudo bem? Sou leitora do seu blog e me divirto demais com todas as suas histórias... Como vc pediu perguntas, q tal falar sobre empregada doméstica? Vc tem? Como lida com ela?

Daniela Takemura


Olá Daniela... Empregada doméstica? Hummmmmm... Todo mundo tem uma boa história para contar de uma. Se eu tenho? Bem, na verdade eu tenho um anjo da guarda que é praticamente minha secretária particular. Ela lembra dos meus compromissos, dos compromissos do meu filho e ainda inventa sobremesas maneiríssimas. Faz cada salada mirabolante de dar água na boca. Cuida do meu filho como se fosse dela e administra a minha casa com perfeição. É o tipo de pessoa que a gente tem que levantar as mãos para o céu e agradecer virada pra Meca.

Mas nem sempre foi assim. Passei pela mão de poucas e boas. Tive empregada fofoqueira, ladra que afanou o anel que ganhei de formatura dos meus pais, vagabunda que recebia homem na minha casa e com certeza na minha cama, que batia no meu filho, que comia o iogurte junto com ele, que não aparecia para trabalhar, que mentia, etc... etc... etc...

Empregada canalha tem aos montes por aí. Tem aquela que queima com ferro a camisa carérrima de propósito, a que não tira a poeira direito, que espera as teias de aranha ficarem tão grandes a ponto de você pensar que o homem aranha realmente existe, a que quebra todos os copos, a que implica com o cachorro, a que não lava a louça direito, a que come seus produtos lights caríssimos e acha que é normal, a que mexe o suco com a mão, a que come tudo que enxerga na geladeira, a que sabe quanto você tem na carteira e onde está cada coisa perdida dentro da sua bolsa. Tem aquela que leva os pimpolhos dela pra sua casa e eles destroem em um dia tudo que seu filho nunca destruiu em dez anos.

E as psicopatas? Aquelas que não têm nenhum dente na boca e armam um plano secreto para destruir a patroa e se adonar do patrão. Então começam o plano colocando veneno de rato no açúcar, fazendo macumba com a cueca do patrão, porque leu naquelas revistinhas de rodoviária que babalorixá docô dutifudeu disse que fazia o amor da vida dela ser agarrado em uma semana e ela acreditou.

Muitas quebram o pé bem na época que você mais precisa da infeliz. Outras não aparecem e não tão nem aí se você está esperando para ir trabalhar e não tem com quem deixar as crianças. Mas eu desafio vocês a me dizerem que não tem uma única história para contar que envolva alvejante sanitário. Pode ser da famosa marca Q-boa. Q-bom encontrar aquela calça maravilhosa com aquela manchinha toda especial que só a Creusa pode nos proporcionar, não é mesmo?

Mas o prêmio vai para a categoria esconde-esconde. Elas são expert em esconder nossas coisas e utilizam as gavetas como se ali existissem um misterioso “arrumator desintegrator expressor tabajara”. Abrem a gaveta, enfiam tudo ali, fecham a gaveta e tudo estará organizado. Simples assim.

Aquela que liga o aspirador de pó sábado de manhã cedo quando você pode dormir até mais tarde e por mais que você peça para deixar essa tarefa para depois, ela sempre faz do jeito dela. Inclusive esse jeito é o mesmo que não sabe diferenciar as meias do seu filho de dois anos do seu marido de quarenta.

Bom mesmo é o café da manhã acompanhado das notícias quentinhas direto da laje, onde ficamos sabendo que o Robison esfaqueou a Ivonelde porque ela estava transando com dois caras da vila e o amante da Onilva descobriu. E ainda acrescentam um diálogo contando que estão cheias de hematomas porque se “pegaram no pau” no meio da rua com a mulher do ex-marido e que ta com um “raivedo” por todo o corpo. Para fechar com chave de ouro puxam aquele pigarro lá do dedo do pé e engolem enquanto você desiste do café e vai trabalhar em jejum.

Tem aquelas que adoram um velório mesmo se o defunto for desconhecido. Aquela que lamenta até hoje a morte do “Tranquedo” Neves. A que não consegue dizer pizza e sempre fala palavrão sem querer. Que adora uma fofoca e falar “ansim desse jeitu, com uns corte, aburrecida”.

Pior são as fumantes. PQP! As fumantes não dá para aturar. Você chega em casa e ela ta lá cozinhando e fumando um cigarrito véio com um dos olhos fechados mexendo a panela. Mazááááááá Cremilda hein? As que lavam as “cutrina” uma vez por ano. Que usam “alicatre”. E as que fazem lista de supermercado assim:

aseite de olívia
Sebola
Tumati
Beico

As que se apaixonam pelo novo “rome titi” que instalaram na sala. Aquelas que a mãe vive doente com trombose, istroprose, caruncho, berne, gonorréia, sífi, dor no figo, penicite, mas que sempre estão num médico dos bons que receita um antidioti daqueles que melhora até defunto.

Estou sendo maldosa? Talvez. Mas sem deixar de ser realista. Foi a Daniela Takemura que pediu. Eu apenas atendi. E você? Qual foi a coisa mais canalha que sua empregada já fez?