terça-feira, 9 de março de 2010

Mulher maravilha fake

Morri numa ventania na vida passada. E na vida anterior a passada, morri num tufão. Antes disso, na outra vida anterior a outra que veio depois da outra, morri num furacão. E o trauma me acompanha por todas as vidas agora.
Uma simples brisa quando começa a ficar mais forte me deixa nervosa. Meu estômago esquenta, minhas mãos começam a suar. Se estiver na rua tenho a sensação que uma placa vai voar em minha direção.
Quando estou em casa fico achando que os vidros vão arrebentar encima de mim. Loucura total. Um caso de psiquiatria. Eu sei, a vez que isso aconteceu foi porque deixei a janela aberta e ela bateu e quebrou. E foi bem encima da cadeirinha de papa do meu filho, mas se a janela estivesse fechada isso não aconteceria.
Meu problema agora é outro. Não posso passar esse medo para o meu filho. Para ele tenho que ser uma heroína que não tem medo de nada. Vivo momentos de pânico e disfarço bem. Faz de conta que tá tudo bem e eu estou achando tudo normal. Quer dizer, mais ou menos, pelo menos eu não grito e não choro. Só fico travada.
Foi assim que minha mãe me criou, mas infelizmente um dia tive que sair de perto dela e então minha segurança em dias de ventania voou para algum lugar e nunca mais encontrei.
Quando era pequena minha casa destelhou num vendaval e vi as telhas voando por cima dos carros que passavam na rua. Aquilo me bloqueou e agora estou aqui fazendo análise com vocês, caros leitores. Dividindo um pânico e contando a dificuldade enorme de esconder isso do meu filho.
Mal sabe ele que a “Mulher Maravilha” aqui, está mais para uma fiasquenta medrosa que morre de medo até de assopro. Sou bem capaz de morrer de medo, bem antes de morrer por algo que o vento possa me causar. Meu medo não tem tamanho. Vai daqui até lá, onde o vento faz a curva. Mulher Maravilha mais “fake” essa mamãe. Psiu. Não deixem ele saber disso.