terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dividir a vida

Amor vem para somar e em meio à devaneios aritméticos onde um está lá e o outro cá, junta-se as partes e teremos dois. Sendo assim, poderemos dividir a vida em sensações únicas.

Atribuímos a essa pessoa qualidades que nem sabemos se ela tem ou não. Às vezes pode ocorrer do outro corresponder e até ir além das expectativas. Você encontra em algum momento de sua vida aquela pessoa que te completa, te sacia, te compreende, te coloca no colo e te faz dormir com as estrelas.

Pouco a pouco, o mundo que os rodeia se apaga. Estão diante um do outro como se fossem as únicas pessoas do universo. Mas algo mais vai se apagar se não causarmos novas sensações na sequência dos acontecimentos. Se não tiver olho no olho. A concretização dos sentimentos. Os olhos são as janelas da alma. Um dos momentos mais deliciosos da vida humana são quando os olhos se entendem.

Pimenta emocional. Revelar-se aos poucos. A intimidade vai surgindo pela semelhança de interesses e pelo companheirismo. Então se sente vontade de compartilhar, dividir a vida, os medos, as alegrias, as tristezas, as vontades.

Quando estamos passando numa estrada muito bonita e nos deparamos com um lindo pôr-do-sol, a cena magnífica só tem 50% da graça se ao nosso lado não estiver a pessoa amada. É nisso que acredito. Que a vida só tem graça quando podemos compartilhar momentos com quem amamos.

A mesma carne, corpos distintos. A capacidade de dar e receber amor. De sentir e permitir-se viver isso, livre de culpas e barreiras. Na adolescência sentimos medo de não sermos correspondidos, depois descobrimos que podemos bem mais do que pensávamos e então escolhemos quem realmente vale à pena.

O amor é como uma onda que avança e recua sem medo de recomeçar. Estamos sempre dispostos a amar se estivermos de coração aberto para o amor. Porque nos ligamos a alguém formando um par? Porque necessitamos tanto de uma troca energética? O que faz com que determinada pessoa, em um determinado momento, se transforme da noite para o dia em uma pessoa única, especial, sem a qual não podemos viver? O que provoca esses sentimentos todos se antes não sentíamos nada por ela e nossas vidas seguiam seu rumo tranquilamente?

O amor deriva da admiração. Ao admirarmos o ser amado nutrimos por ele um amor constante. Ele é amado até se bocejar distraído. Mas esse amor vai até onde essa admiração termina. E é só por isso que temos que buscar conquistar nosso amor todos os dias, para que pequenos desgastes do cotidiano sejam infinitamente pequenos diante da admiração de nossas maiores e melhores características.

Termino com trechos de Bellvil:

"A gente tem anseios, receios, bloqueios.
A gente fala muito e às vezes cala também.
A gente dá muita importância a pequenas coisas e deixa passar grandes fatos.
Não é fácil cuidar de dois corações...
A responsabilidade é tamanha, que devemos ter a certeza
que o que queremos é velar o sono de uma inquieta criança,
que no decorrer do tempo sente fome e acorda pra tantas coisas simples da vida.
(Com)viver junto do amor, requer paciência e principalmente, tolerância.
Se dos dois lados existir maturidade, sem deixar de lado uma boa novidade que "tempera" a relação... tudo pode vir a ser melhor"